Nota de corte: o que precisa saber para ser aprovado

Nota de corte: o que precisa saber para ser aprovado

Nota de corte: o que precisa saber para ser aprovado

Alcançar a sonhada vaga da graduação ou, ainda, a vaga no concurso público dos sonhos não é tarefa fácil. E, em virtude das inovações tecnológicas da última década (videoaulas, materiais digitais, sistemas de questões, simulados virtuais,etc.), as seleções tornaram-se ainda mais difíceis: o sarrafo lá no alto, em função da melhor preparação dos concorrentes.

Por isso, aquele que se propõe concorrer às vagas ofertadas por uma seleção deverá ter em mãos uma estratégia muito assertiva, que precisará necessariamente considerar, entre outros fatores, a nota de corte.

Ocorre que há muito se ouve falar, nos principais processos seletivos de universidades e concursos públicos, sobre a temível nota de corte. Entretanto, não são poucos os candidatos que desconhecem seu significado.

Por isso, eu explico.

Diferente do que alguns imaginam, o sistema de notas de corte não é incomum. Ele está presente em qualquer seleção que utiliza como critério de escolha a ordem decrescente da pontuação dos candidatos. É tão ordinário que podemos percebê-lo, inclusive, nas competições esportivas. No mundial de ginástica, por exemplo, só ganha medalha quem está dentro da nota de corte (a nota atingida pelo competidor(a) que conseguiu a medalha de bronze).

Segundo o que afirma a Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Educação (MEC), a “nota de corte é a nota do último candidato inscrito até o total das vagas disponibilizadas para cada opção de curso, turno e modalidade”. Em termos mais claros, a nota de corte é a pontuação que foi atingida pelo último candidato convocado para as vagas destinadas pela seleção de interesse. Sendo mais claro ainda: se sua nota for menor que a nota do último candidato classificado/convocado, você está fora! Sim.

Para que possa ter uma melhor visualização, considere, pois, os exemplos abaixo.

Exemplo 1 sobre Nota de Corte

Huguinho, Zezinho e Luisinho – três amigos que sonham com a carreira médica – prestaram determinado vestibular, que ofertou 2 vagas (ampla concorrência) do curso de medicina. Os vestibulandos alcançaram, respectivamente, as seguintes pontuações: 98, 95 e 90 pontos, de um total de 100 pontos. Ao fim da seleção, a universidade publicou edital com o resultado final, em que figuraram como aprovados os candidatos Huguinho e Zezinho.

Pergunto-lhe: qual foi a nota de corte para a referida seleção? Resposta: 95 pontos (nota do último candidato classificado).

Exemplo 2 sobre Nota de Corte

Joãozinho, Kevin e Benício prestaram o concurso público do INSS, para o cargo de Técnico do Seguro Social, no sistema de cotas raciais. O certame ofereceu 1 vaga para o sistema de cotas raciais, sem a previsão da formação de cadastro de reservas. Os concursandos alcançaram, respectivamente, as seguintes pontuações: 100, 110 e 70 pontos, de um total de 120 pontos.

Ao fim do concurso, foi publicado o resultado final, que considerou como aprovado, na condição de cotista, apenas Kevin.

Pergunto-lhe: qual foi a nota de corte para a referida seleção? Resposta: 110 pontos (nota do último – e único – candidato classificado).

Assim, levando em conta tais informações, você –  caro leitor –  já deve ter compreendido que a nota de corte tem de ser, necessariamente, considerada  por todo aquele que deseja concorrer às seleções públicas ou particulares (vestibulares, concursos públicos, SISU, ProUni, FIES, etc.).

Há, entretanto, algumas especificidades que precisa conhecer. Considere, portanto, que o  sistema de notas de corte poderá funcionar de forma distinta, conforme a seleção escolhida.

Sistema de Seleção Unificado do Ministério da Educação (Sisu)

No Sistema de Seleção Unificado do Ministério da Educação (o queridíssimo Sisu), que seleciona os estudantes para universidades federais e estaduais de Ensino Superior de todo o Brasil, com base na nota do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado,  o candidato poderá selecionar, no ato da inscrição, até duas opções  de cursos  de seu  interesse, o turno, a universidade e  a modalidade de concorrência.

Feita(s) a(s) escolha(s), o sistema, considerando as notas dos candidatos melhores classificados para o curso escolhido, revela, de acordo com a quantidade de vagas ofertadas, a nota de corte (a pontuação que foi atingida pelo candidato classificado para ocupar a última vaga ofertada).

O MEC esclarece que, enquanto o período de inscrição estiver aberto, o Sisu calcula, uma vez por dia, as notas de corte parciais para cada curso com base no número de vagas disponíveis e no total dos candidatos inscritos naquele curso, por modalidade de concorrência. Dentro desse período, o candidato é livre para escolher ou, ainda, desistir da escolha realizada.

Mas em razão dessa liberdade de inscrição e de cancelamento (desde que dentro do prazo), o MEC também alerta que as notas de corte parciais podem oscilar bastante, uma vez que os estudantes mudam, frequentemente,  as opções dos cursos, até as 23h59 do último dia para a inscrição. Após isso, as notas de corte definitivas são publicadas para cada curso.

Programa Universidade Para Todos (Prouni)

Por outro lado, o Programa Universidade Para Todos (Prouni) foi desenvolvido para a oferta de bolsas em universidades privadas de todo o Brasil. Bolsas integrais e parciais (de 50%) para os cursos de graduação. Entretanto, com relação à nota de corte, seu funcionamento é quase idêntico ao Sisu: nota do último exame do Enem como parâmetro, duas opções para escolha de curso, prazo para inscrições, notas de corte parciais e, por fim,  publicação das notas de corte definitivas.

Há ainda pontos específicos a respeito de listas de espera e requisitos de renda familiar, que podem ser conferidos aqui.

Financiamento Estudantil (FIES)

O Financiamento Estudantil (o FIES), seleção que objetiva a concessão de crédito para o financiamento estudantil, assim como as outras seleções já mencionadas, também usa o sistema de notas de corte, entretanto com algumas diferenças significativas.

Além dos critérios de renda exigidos, o candidato poderá usar a nota de qualquer edição do Enem realizado, a partir de 2010, devendo também fazer a  indicação do grupo familiar a que pertence, além do curso desejado. Com tais informações, o Sistema do FIES gerará grupos de preferências.

A partir desses  grupos de preferências, segundo o que afirma o MEC, será calculada a nota de corte (a menor nota para ficar entre os selecionados em um grupo de preferência, com base no número de vagas e no total de candidatos inscritos no mesmo grupo de preferência).

Há também pontos específicos a respeito das listas de espera, que podem ser conferidos aqui.

Concursos públicos/Vestibular Regular

Por último, a respeito de Concursos públicos  e vestibulares em geral, a opção para o curso/cargo desejado é feita antes da realização das provas, o que exige do candidato melhor preparo, não havendo que se falar em inscrição pós-prova  ou publicação de notas de cortes parciais.  Sendo assim, uma vez realizada a prova, passou ou reprovou. Está dentro ou fora do corte.

Estratégias Pré-prova e Pós-prova

Para as diversas seleções citadas,  podemos estabelecer, com relação à nota de corte, duas estratégias: pré-prova e/ou pós-prova.

Como estratégia pré-prova, há de se atentar para as notas de corte das seleções anteriores, pois elas servirão de parâmetro para as notas de corte das seleções futuras. Melhor dizendo, o candidato considerará as notas de corte anteriores como se fossem previsões das  que se firmarão nas seleções futuras.

A partir daí, com a realização de bastantes exercícios e simulados, o concursando/vestibulando chegará às possíveis conclusões: minha nota está dentro da previsão da nota de corte (situação confortável); minha nota está abaixo da nota de corte (situação de ajuste – aqui o aluno tem de buscar estratégias para melhorar seu desempenho, aumentando a carga horária de estudos, fazendo  mais exercícios e simulados, utilizando técnicas de memorização, por exemplo).

Essa estratégia (a pré-prova) servirá para todas as seleções que aqui foram mencionadas.

Por outro lado, como estratégia pós-prova, há pouco o que fazer, visto que o exame já foi realizado, e a nota do candidato já se estabeleceu. Entretanto, existe a possibilidade de o candidato escolher (nos casos do SISU, FIES e ProUni) o curso que tenha uma nota de corte mais compatível com a nota atingida na prova, isto é, se o candidato tirou uma nota alta, terá mais liberdade para escolher os cursos disponíveis, inclusive aqueles para os quais as notas de corte geralmente são altas; por outro lado, se tirou uma nota baixa, melhor que escolha cursos com notas de corte mais baixas, sob pena de ficar fora da seleção.

Em síntese, no pré-prova, estude; no pós-prova, seja humilde: escolha o que der.

Lembro, no entanto, que, embora os candidatos possam lançar mão de ambas as estratégias, a primeira (para surpresa de zero pessoas) é sempre a melhor.

Posso, a título de exemplo, utilizar minha própria jornada em seleções públicas.

Antes de conseguir algumas aprovações, tanto em vestibulares como em concursos públicos, tive reprovações pedagógicas – e não foram poucas –, até que aprendesse, a duras penas, o funcionamento trivial das notas de corte.

Desde então, tive que adequar os estudos, para que pudesse alcançar, auxiliado pelo diagnóstico da realização de diversos simulados e exercícios, um desempenho satisfatório, como exigido pelos cargos/cursos por mim aspirados.

Só então as aprovações aconteceram.

Portanto, sugiro que tenha sempre um objetivo, o de alcançar notas acima das notas da corte, ajustando seus estudos conforme a necessidade.

E, por fim,  mas sem ignorar a existência de casos específicos, tenho um conselho adicional: não deposite a sua confiança numa lista de espera ou num cadastro de reserva, uma vez que o desapontamento, para tais casos, não é coisa rara.

Como diz o ditado popular, “o seguro morreu de velho”.

Bons estudos!

Referências bibliográficas do artigo Nota de corte: o que precisa saber para ser aprovado:

BRASIL. Ministério da Educação. Notas de corte do Sisu estão disponíveis. [Brasília]: Ministério da Educação, 17 fev. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/notas-de-corte-do-sisu-estao-disponiveis. Acesso em: 02 mai. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Dúvidas sobre o PROUNI. Disponível em:

https://acessounico.mec.gov.br/prouni/duvidas#o-prouni.

BRASIL. Ministério da Educação. Dúvidas sobre o SISU. Disponível em:

https://acessounico.mec.gov.br/sisu/duvidas#nota-de-corte. Acesso em: 02 mai. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Dúvidas sobre o FIES. Disponível em: https://acessounico.mec.gov.br/fies/duvidas#nota-de-corte. Acesso em: 02 mai. 2023.

Autor: Henrique C. Gonçalves
Artigo: Nota de corte: o que precisa saber para ser aprovado

As opiniões emitidas pelos autores, comentaristas e jornalistas não refletem necessariamente a opinião da Faculdade Ibptech

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